Das crises contemporâneas
à respiração consciente
Vivemos uma acumulação de crises, formando uma crise estrutural, uma metacrise. Uma crise, no sentido clássico, tem fases: um início, um desenvolvimento e, enfim, a cura ou a morte (a decisão). Nossa situação é inédita. Ninguém sabe (ou quer acreditar no que sabe) o desfecho dessa meta crise. O que se observa é que todos os eventos repercutem diretamente em cada um de nós, em nossas mentes e nossos corpos. Para podermos manter o equilíbrio, torna-se urgente e imprescindível cultivar a respiração consciente, uma atenção plena ao que acontece ao nosso redor e dentro de nós.
A respiração é o suporte ideal para restabelecer, em um segundo, o contato com a situação vivida. Ela também, imediatamente nos conecta a tudo que é vivo, dentro e fora de nós. Por quê? Porque como foco de nossa atenção, ela age no corpo e na mente simultaneamente. Nossa mente deixa, portanto, de se autoalimentar com pensamentos, julgamentos ou críticas que distorcem nossa percepção das situações. Nosso corpo se alivia. As tensões relaxam. Torna-se, assim, possível criar as bases de uma ação mais justa e eficaz.
Todas as atividades propostas aqui envolvem essa postura ética e prática; um olhar duplo que pretende abraçar as grandes tendências globais de nosso mundo e, ao mesmo tempo, as nossas realidades pessoais e interpessoais mais concretas.
Vivemos tempos desafiadores para o entendimento e a ação e, por isso, precisamos de muita boa vontade para enfrentá-los.
Ludovic Aubin
Sociólogo
Doutor em sociologia (IEDES-Paris 1 Panthéon-Sorbonne, 2012). Especializado nas relações entre conflitos, crise contemporânea e desenvolvimento sustentável.
Foi professor na Universidade Católica em Angers (França) de 2002 a 2010 e facilitador com diversos públicos de profissionais (professores, enfermeiros.as) de 2003 a 2010.
Mora e trabalha no Brasil desde 2010. De 2010 a 2015, trabalhou com vários centros de capacitação brasileiros. Desde julho de 2020, é pós doutor pela UFPE (PPGS-LAERURAL, Capes/PNPD). Pesquisou e ensinou sobre as temáticas de agroecologia, permacultura e sustentabilidade.
Essa trajetória pode parecer atípica (da gestão de conflitos à agroecologia). Porém, ela segue um mesmo fio, guiada por uma curiosidade e um encanto diante do nosso mundo, ao mesmo tempo trágico e maravilhoso, procurando entender as várias formas de conflitos que surgem entre humanos, por um lado e existindo entre os seres humanos e os não humanos, por outro lado.
Além disso, pratica a meditação desde 1998 na tradição do Thich Nhat Hanh cujo ensinamento principal é baseado na respiração consciente para voltar ao aqui e agora. Essa atitude de atenção plena (mindfulness) permite observar o que acontece dentro e fora de nós com mais lucidez, sem julgar, momento após momento, com uma curiosidade bem intencionada a fim de agir de forma mais adequada.